09 abril 2007

Finisterra 08Abr07 - Km 0




E pensava eu que tudo tinha chegado ao fim. Parece que me enganei... A aventura e as viagens vão continuar

07 abril 2007

Santiago de Compostela 06Abr07 – 850 kms




“Why do all good things come to an end!!!

Para mim, enquanto tudo girar em torno da bicicleta, cada etapa, cada viagem, será um renascer de algo que está longe de ter um fim.
Senhor, tira-me a visao das imagens do deserto quente de Atacama, do frio gélido das Terras do Norte, das florestas da Patagónia, mas ñ me tires o desejo de por lá andar a pedalar. Devolve-me os 5 sentidos para apreciar os cheiros, os sons e as cores de tudo aquilo que anseio e desejo ver.
Que seja essa a minha e a Tua vontade.

05Abr07 – CEA



Este caminho que trilhamos, é apenas um entre muitos que ainda tenho para percorrer na nminha curta existência.
Fazemo-lo de bicicleta porque é mais rápido, mais emocionante e acima de tudo, uma forma de viver a liberdade e sentir o ruído do mundo comodamente e silenciosamente.
Nem as temperaturas constantes de 0º C nos afastam das metas que colocamos para cada dia; as extremidades do nosso corpo ñ comungam da mesma temperatura interior..
Em cada vila ou cidade que cruzamos existe sempre um local onde nos sentimos bem. Ë aí que bebemos o café com leite e mais tarde, já num local mais distante, preparamos o almoco sem nunca entendermos o porquê de escolher aquele sítio.
Há 3 anos, as minhas opçoes conduziram-me exactamente aos mesmos sítios.
Coincidências!!! Ñ acredito

04 abril 2007

04Abr07- Laza


E ao sétimo dia, o Senhor descansou, neste local, duro de roer, mas lindo de morrer.
Esta é, sem margem para dúvida, o percurso mais bonito de toda a travessia.
A ascensao a Puebla já ñ fora fácil, e depois atravessar toda a Serra também se tornou complicado, mesmo para quem se levantou ás 6h da manha e tinha muitas horas de luz pela frente.

03Abr07- Puebla de Sanabria






Salamanca já era. Para trás ficaram extensas planicies manchadas de verde cuja monotonia nos fazia pedalar de forma muito constante e a um ritmo elevado até Zamora.
Ñ chegámos a tempo de assinar o tratado de Tordesilhas, porque resolvemos prolongar o almoço junto da esplanada das muitas igrejas desta cidade.
Até ali foram 60 kms (buchas em linguagem interna!!!Mama a bucha – diziamos nós) e ainda faltavam outros tantos até ao próximo albergue em Riego del Camiño.
Depois dos jantares (sempre com batata frita L) e um vinho, que nem com gasosa se bebe, lá se consegue descansar e ler aquilo que o cansaço permite.
As páginas de Brida estao a chegar ao fim. Ainda ñ comecei o “Planisferio Pessoal” do Gonçalo Cadilhe e já me sinto como ele nas suas viagens.
É óbvio que as minhas sao pequeninas e logo aquí ao lado, porque ñ tenho pais ricos!!!.
A etapa rainha é amanha. Perto de uma centena de kms e sempre acima dos 1300 mts de altitude.
Em español chama-se uma etapa rompepiernas, em Portugal, é o homem da marreta.
Tudo isto tem uma base científica por detrás, a formaçao de ácido láctico – devido á intensidade do esforço- vai inibir as contraçoes musculares, tornando os músculos mais duros e tensos.
Bem!!! Haja pernas. E travoes também. Quando experimento as bicicletas dos meus colegas, chego á conclusao que o melhor nome para os meus travoes é ABRANDADORES.
“Ñ importa ir depressa. O importante é ñ abrandar” – digo sempre.

01 abril 2007

Salamanca - 01Abr07






Ontem foi um dia em cheio. Sentimos as 4 estaçöes do ano sobre o nosso corpo.
A D.Elena, a hospitaleira de Carcaboso foi a primeira pessoa que transmitiu o espirito do Caminho. Os seus préstimois tëm sido reconhecidos ao longo destes anos, ñ só pelo ayuntamiento local como também por inúmeros peregrinos e referëncias em livros e publicaçoes.
A larga,longa e solitária etapa até Funteroble deixou, mais uma vez, todos mega satisfeitos. Säo cerca de 9h a pedalar pelo campo junto de sobreiros, vacas, cucos, raposas onde tudo se passa sem pressas, ao sabor de momentos e cenários que nos väo despertando bem cedo em cada manhä.
A cozinha é improvisada em qualquer momento e em qualquer lugar e rapidamente surge uma refeiçao de acordo com a ementa pensada para os 12 dias de viagem.
UI!!! Que frio pela manhä. Está tudo congelado. Säo 08h e ainda estäo -4. É caso para dizer “ fresco mais fresco ñ há”
Eu vi um sapio. Conta a lenda que em Salamanca quem conseguir ver a fêmea (rÄ) que existe na fachada da Universidade, consegue terminar os estudos com êxito.
Olhando para cima, e mesmo com ajuda, ñ é tarefa fácil.Está a ser uma tarde bem passada com tempo para o chocolate quente com churros para escrever postais e navegar na web. Algo que apesar de ñ ser essencial, faz parte.
Meu Deus, voltei a pecar. Desta vez, olhei - muitas- vezes para várias mulheres. Está na hora de ir a missa e pedir a remissäo dos pecados.
Voltaarei

Via de La Plata




Perdoa-me Senhor porque eu pequei. Por um dia ñ andei de bicicleta, troquei lindos caminhos e completa solidao para me entregar aos prazeres de me deitar ao ar livre, a ver as mesmas paisagens, mas a comer bolachas e a beber chá verde.
O local referenciado pelo GPS, é uma enorme mancha de água que tem como nome o embalse de alcantara. Estou muitos kms acima do mesmo Tejo que por vezes admiro das esplanadas do C.C.B.
Aqui, além de chá, há o silëncio. Ñ é preciso seguir o pensamento chinës que diz " eu bebo chá para esquecer o ruido do mundo.
Só hoje, 48h após a nossa chegada a Mérida é que me entrego aos prazeres da escrita. Como tudo na vida, ñ vale a pena contrariar a nossa vontade. O i mportante é seguir sempre aquilo que se sente.
Já tinha saudades de viajar. Viajar para blogar. Se as viagens ñ tëm pedalada, mais vale estar deitado e calado.
O que dizer de um caminho já feito anteriormente? Com estes companheiros de viagem, existe a componente humana, o companheirismo, algo que torna a "via de la Plata" muito diferente do Caminho Francês.
Experimentem porque väo gostar. Esta é a opiniäo de todos, e ainda vamos no segundo dia.
Mérida e Cáceres, ambas Património da Humanidade, dispensam apresentaçöes