23 fevereiro 2009

Rota da Neve Inatel – Manteigas





6 a 8 Fev e 13 a 15Fev09

"Não deixes mais que pegadas, não leves mais que fotografias"

Embora fiel ao princípio que norteia qualquer amante da natureza ( leave no trace), ao efectuar os reconhecimentos para esta actividade, foi fácil deixar pegadas e rastos; difícil, porém, foi caminhar sem me afundar em neve quase até à cintura durante aproximadamente 10 kms.
Este prenúncio já se adivinhava quando, na A23 todo o sistema montanhoso à nossa frente se encontrava coberto de um manto branco. Manteigas estava do outro lado, como estaria o cenário?
Há muito tempo que não caía um nevão tão intenso quanto este. A Rota da Neve deste ano do Inatel, tinha razões mais que suficientes para fazer jus ao nome e proporcionar a todos os participantes uma experiência no mínimo “crocante” (sentir o gelo a derreter sobre as rodas).
Com diversos tracks que nos permitiam múltiplas opções e quilometragens para os dois dias de Rota, restava averiguar in loco, o estado do terreno.
Depois de um pequeno-almoço farto e abastado, carregamos a bicicleta em cima do carro e lá vamos nós...pró “atanscanço”. À segunda paragem forçada, só os 10€ para o tractor nos safaram. Mais à frente atolados, um outro grupo de aventureiros aguardava o auxílio dos bombeiros.
Reflectindo agora sobre o acontecimento, a nossa atitude foi a mesma deste governo, ou seja, utilizador = pagador. Os outros recorreram ao bolso do contribuinte movimentando meios humanos e viaturas a mais de uma dezena de quilómetros de distância. INCHA, que a CRISE é de TODOS.
Oito dias se passaram e muitos metros cúbicos de neve se evaporaram, inclusive nas zonas mais altas, apenas havia um resquício do que as fotos documentam. Nada ficou, nem mesmo as pegadas...
A vida é mesmo assim, tem muitos instantes de prazer; durante o dia são imensos os momentos em que respiramos, no entanto, do que mais sinto falta, é daqueles momentos que nos cortam a respiração.
Foi por isso que após o almoço do primeiro dia, ainda houve – tempo, loucura ?!! - para voltar a subir quase até à Torre. Praticamente em apneia estrada abaixo, as extremidades pagaram o preço de mais um instante de prazer.

Travessia Pinhal Novo – Monsaraz- Casa Branca












De 01JAN a 04JAN09 320 Kms

“[...] Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder.
Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver.”


Os dias cinzentos e chuvosos previstos para o início de 2009, a noitada da passagem de ano e a sangria feita com vodka “Raskaminov”, não impediram a vontade de partir.
Para viver em plenitude é preciso estar em constante movimento, só assim, cada dia é diferente do anterior.
Rumo Sul, a ideia era seguir o mesmo trilho feito pela ancestral Romaria que liga a cidade da Moita a Viana do Alentejo. Íamos abençoados com tanta água vinda de todos os lados.
Durante o deslocamento, quando passávamos nas aldeias, olhamos e pensamos: “aqui tudo é igual...”.; por existir um amanhã e não querer a mesma rotina diária, sigo a ideia do poeta, “seja para onde for, seja como for”, importa partir.
Sei perfeitamente que existem lugares que convidam a ficar. Monsaraz é, por mérito próprio, uma vila medieval muito actual que nos transmite tranquilidade.
Esta vila é um símbolo para mim, foi bom ter voltado uma outra vez. Aqui demoramo-nos porque nos sentimos bem.
Nas suas ruas ainda perdura o presépio com figuras gigantes e o ambiente natalício. Tiro fotos, compro o tão almejado quadro que me faça recordar o Alentejo e transporto todo este cenário e os momentos enquanto ali vivi, percebendo que nada muda o que vivi e vi até então.
Aqui, não preciso de GPS, cada bifurcação, cada pedaço de caminho é-me familiar pois foi esta zona que me iniciou na grande paixão pela procura de grandes horizontes e paisagens.

Transguadiana










“É preciso muito pouco para tornar a vida feliz”

Beja-Castro Marim de 09Set08 a 12Set08 - 225 kms








Esta foi mais uma travessia, sem talão, pensão ou qualquer outra complicação
Da longínqua e tranquila planície de Beja até à dureza da serra de Serpa , há muito que o suor escorria e reflectia o mesmo sol inclemente que nos castigava o corpo e abençoava as paredes cálidas e serenas da vila museu de Mértola.
Apesar de conhecer esta serra e de não ser a primeira vez que piso as suas terras, ela não deixa de constituir, ainda assim, uma agradável surpresa.
Seja no princípio ou a qualquer quilómetro mais adiante, banhar-me nas praias fluviais das Minas de S.Domingos e Alcoutim, acordar numa casa abandonada com vista sobre o rio, tornam-se momentos mágicos que faz parte da realidade da minha vida sem ter necessidade de fantasiar, ou dar azo à imaginação.
Para mim, cada dia que vivo é uma ocasião especial. Sobreviver... não é opção.

GR–22 – Grande Rota das Aldeias Históricas




30Ago08 a 07Set08 - 560 kms

"Não é o que possuímos, mas o que gozamos, que constitui a nossa abundância"

E ao 7 dia a rota terminou...
Volvidos 7 anos desde a minha participação na 1ª edição do GR-22 promovida pelo INATEL, chegou novamente o momento de enfrentar este desafio em autonomia na companhia de amigos. Com os alojamentos marcados de antecedência e com as etapas redefinidas, restava-nos apreciar aquilo que a melhor rota marcada em Portugal tem para oferecer.
A etapa do primeiro dia terminou cedo permitindo-nos manter um diálogo muito produtivo com a Sra. Viscondessa de Sortelha que nos convidou a visitar o espólio da família, servindo de cicerone durante uma boa parte da tarde.
Em plena época de férias, todos os restaurantes locais estavam fechados contribuindo desta forma para jantar umas sandes e a papa cerelac destinada à refeição seguinte.
Acautelada esta situação, os repastos bem condimentados com um jarro de tinto, tornaram-se uma realidade.
No 5º e 6º dia, a altimetria prometia. Eram os dias mais duros de toda a travessia. O desconforto causado pelo peso das mochilas de dois elementos do grupo, juntamente com a saída – abrupta - do Piódão e o tempo chuvoso com rajadas de vento, foram pedra basilar para substituir os trilhos junto das antenas eólicas pela estrada de alcatrão.
O parque de estacionamento de Monsanto onde estivera o carro toda a semana ficou para trás. Objectivo: comer um gelado depois de ultrapassada a porta da vila.
UFA, custou...(1 €)