10 setembro 2009

TRANS_JORDAN em BTT

" Só eu sei porque não vou para casa"








27Ago Al-Karak-Dana Village
Ao adicionar quase 4lt de água com os restantes bens essenciais da mochila, esta tornou-se uma âncora e um desconforto extra para os 30 kms de subida contínua que nos aproximam de Táfila. Dentro das cidades, o caos urbanístico e automobilístico é inenarrável. Aqui apenas compro algo que possa comer. Algures... O Ramadão e a cultura deste povo levam a que qualquer tomada de alimentos seja feita longe dos olhares dos transeuntes. Não é fácil, parece que estão por todo o lado. No final de um dia de quase 100 kms, o cansaço acumulado não me dá a mesma disposição para ouvir tantas buzinadelas, fugir dos cães e dos miúdos que muitas vezes mandam pedras (à Angel Fish).

26Ago Dead Sea – Al-Karak
Alguns meses atrás quando o Rakan me alugou as bikes e em conjunto traçámos a rota desta travessia, ele perguntou-me se eu tinha a certeza que queria subir desde o mar morto em pleno Agosto?!! Hoje percebi porquê. Foi agonizante. Menosprezamos a montanha e carregados com "litradas" de água e em bicicletas pesadas e desajustadas, nunca vinte e poucos quilómetros me custaram tanto a fazer. Ia tão lento e as moscas eram tantas que até pela boca me entravam. Nisto e com o suor incessante a escorrer face abaixo, obrigavam-me a parar porque em determinadas alturas não via nem conseguia respirar. A imensidão de cumes áridos e secos eram como uma cortina que limitava o perscrutar do horizonte. O tempo passava, novos cenários não surgiam, no entanto, a quietude e solidão do lugar continuavam lá, comigo. Muito devagar.



25Ago Madaba- Dead Sea Há 5 dias que ando em “modo terrestre” pela Palestina e Amman. Durante este tempo, proporcionalmente gastei mais em deslocamentos do que em alojamentos e por isso, a escolha da bicicleta para percorrer os próximos 10 dias todo o sul da Jordania com a Angel Fish, foi uma grande ideia. O efeito provocado no povo jordano aquando da passagem da bicicleta é fascinante. Muitos risos, adeus, sinais de luzes, buzinadelas e diversas ofertas de ajuda para apanharmos boleia. Tudo vale para demonstrar o apreço e respeito por tão nobre veículo de transporte movido a esforço e essencialmente muita paixão. As montanhas da reserva natural de Mukair revestidas a tons de castanho são áridas por natureza. Elas são rasgadas por vários vales e por uma fenda geológica que se estende até ao norte de África. Os seus canyons e trilhos permitem, por um lado, a observação da vida selvagem, e por outro o cannyoning. Eu aproveito o manto negro do alcatrão para a atravessar e descer até ao ponto mais baixo da terra. O mar morto (400 metros abaixo nível do mar). Nadar neste misterioso lago salgado e adormecer numa cama de rede dos chalets existentes nas suas margens, é apreciar uma experiência única. Por muito que me esforce, torna-se quase impossível afundar-me numa água cuja percentagem de sal atinge os 350g por litro. As suas propriedades curativas combinadas com a temperatura, convidam a ficar. O que parece difícil encontrar por aqui é mesmo água fria para se conseguir tomar banho.

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